No quarto dia do curso de MPB no CFA, Tropicalismo fica no centro das discussões
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Marilda Santanna: cantora, pesquisadora de música e apaixonada pelo Tropicalismo. Foto: Raulino Júnior |
Por Raulino Júnior

Segundo historiador, a Tropicália "era uma vanguarda bastante explosiva". Para reforçar isso, ele colocou o famoso áudio do inflamado discurso de Caetano, durante o Festival Internacional da Canção, em 1968. "A Tropicália foi uma verdadeira descida aos infernos do Brasil", pontua VÃtor. O pesquisador ainda opinou, de forma veemente, sobre o movimento: "Considerar a Tropicália como música, é uma pena, todo mundo fazia um pouco de tudo. Achar que todo mundo concordava com tudo , é uma pena. Não se pode burocratizar a Tropicália".
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No quarto dia do curso, VÃtor Queiroz fala sobre Tropicália e de toda a MPB dos anos 60 e 70. Foto: Raulino Júnior |
VÃtor falou um pouco sobre Nara Leão, Gal Costa, Maria Bethânia, Raul Seixas, Clara Nunes, Tom Zé, Jorge Benjor (que considera um injustiçado dentro da MPB, por não ter o prestÃgio que deveria ter), Joyce (outra que ele considera desprestigiada na MPB), Glauber Rocha e Elis Regina. Inclusive, ao falar de Elis, advertiu: "Cuidado com o mito Elis". E continuou: "Ela flertou com a postura Jovem Guarda: ser alienada e gostar de ser alienada. O lado sombrio de Elis Regina é extremamente oportunista", opinou. Obviamente, houve muita discussão sobre Elis Regina na aula. No final, venceu o indiscutÃvel talento da cantora.
Marilda Santanna, cantora, pesquisadora de música, professora do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos (IHAC), da Universidade Federal da Bahia (UFBA), e do Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (Pós-Cultura), saiu entusiasmada da aula: "A Tropicália, para mim, é um tema muito apaixonante. É um processo da linha evolutiva da música brasileira que quebra com uma série de paradigmas de sonoridade, mas em compensação absorve antropofagicamente uma série e referências. De Vicente Celestino à s guitarras; a todo um pensamento, não só poético, mas de sonoridade, de um momento polÃtico muito conturbado. Em relação à aula de VÃtor, eu estou choramingando, porque amanhã é o último dia. Ele é uma figura extremamente conhecedora da música brasileira, e mais do que isso, ele conhece também a questão histórica-social. Eu acho importante, porque a música não gravita fora de um contexto. Nada é estanque, tudo tem uma razão de ser", avalia.
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