Por Raulino Júnior
![]() |
Qual é?! Foto: arquivo pessoal |
Estamos em 2016, mas muitas pessoas agem como se tivéssemos no século XV, quando, ao meu ver, atitudes racistas e discriminatórias já eram um absurdo. É revoltante como o discurso de exclusão está naturalizado. É revoltante ver as desculpazinhas esfarrapadas que as pessoas usam para justificar o injustificável. É revoltante, muitas vezes, não agir de forma apropriada diante de tal situação. Há uma certa paralisia, um não acreditar que aquilo está acontecendo. É revoltante! A coisa é séria. Mais séria do que você pensa.
Estamos na era das seleções: de emprego, de estágio, de atores etc. Nessas seleções, o que deve ser levado em consideração? O que é mais importante: a habilidade para executar o trabalho proposto ou a cor da pele? Em condições normais de temperatura e pressão, seria a primeira opção; mas como vivemos numa sociedade racista, preconceituosa e discriminatória, a segunda prevalece. E prevalece na maior caradura! Com complementos, no final de uma pedrada, do tipo: "Eu adoro negro. Acho lindo esse tom de chocolate, mas...". Eu não tenho tom de chocolate nem quero ser associado a tal. Não sou objeto. Sou negro. Sou pessoa. Sou humano. A coisa é séria. Mais séria do que você pensa.
Quando isso vai mudar? E vai mudar? Não sou pessimista e não gosto do pessimismo, mas, nesse caso, sou cético. Infelizmente. É duro ser preterido, apenas, por ser negro. É jogar toda a história de um povo no lixo e considerar que ela não valeu de nada. Mas ela valeu, sim! Mais do que nunca, é preciso ocupar, se apropriar, cavucar. A coisa é séria. Mais séria do que você pensa. O nosso enfrentamento também.
4 Comentários
Nossa vergonhosa rotina!
ResponderExcluirAbsurdo! Obrigado pelo comentário, Cleide! :)
ExcluirNão sou de sair portando bandeiras, mas vejo esta situação muito claramente, Rau. Sempre me percebo mais negra do que as minhas colegas "branquinhas", nunca confundidas como uma pessoa comum como eu... aliás, discuto o conceito de "comum"... eu sou comum, mas não quero ser vista dentro do que se intitula "comum" por aÃ. Sou mulher, negra de pele clara, cabelos crespos alisados, mas sou alguém que quer ser enxergada como uma pessoa como qualquer outra. Mas a sociedade tem me mostrado que isto é uma mentira. Haverá sempre bons lugares para brancos (quase)ilegÃtimos, e lugares à margem para negros (sempre) legÃtimos.
ResponderExcluirMuito bacana o seu relato, Dri! A gente tem que lutar para que isso não se perpetue. Não é fácil, mas a gente enfrenta. :)
Excluir