O
professor e fotógrafo revela um pouco do seu universo
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Peterson Azevedo no seu universo. Crédito: Autorretrato |

FamÃlia
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Peterson Azevedo. Crédito: Autorretrato |
Amante da fotografia
O amor de Peterson pela fotografia começou em 1996. Por
acaso. “Trabalhava no Banco Econômico
e tinha um amigo que realizava, constantemente, viagens ao exterior. Esse amigo,
então, recebeu uma encomenda de uma câmera analógica Canon EOS 500, top na
época, mas o cliente não tinha mais como comprar. Ele sabia que eu praticava bodyboard e precisava registrar os
campeonatos. Sendo assim, me ofereceu a câmera. Como ele não tinha outra opção,
baixou o preço e, assim, pude comprá-la. Foi como conheci o universo da arte
fotográfica”. Desde então, vive fazendo registros, focalizando a natureza
humana e o espaço geográfico. “Quando
ingressei na faculdade de geografia, já tinha um conhecimento básico e técnico
de fotografia, o que me ajudou muito, pois 70% das aulas do curso eram feitas em
campo. Foi nesse perÃodo que comecei a construir um olhar próprio, construindo
um diálogo entre o objeto de estudo da geografia (o espaço geográfico) e a arte
fotográfica. Daà meu olhar ser cooptado pela natureza do homem e suas
transformações no espaço”.
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Um dos retratos desse ensaio foi selecionado para o VIII Salão Brasil Afro 2010. Crédito: Peterson Azevedo |
Nesse
sentido, consegue, ao mesmo tempo, ser global e local, mantendo identidade em
tudo que fotografa. Essa é uma caracterÃstica da fotografia documental, estilo
com o qual se identifica, uma vez que imprime o seu olhar sobre a realidade.
Modesto, não se considera um fotógrafo profissional: “Costumo dizer que
amo o que faço, logo, sou amador na arte de fotografar”. O fato é que os frutos
desse amor já foram premiados. Peterson teve seus registros fotográficos reconhecidos por importantes instituições e destaca alguns prêmios que
o emocionaram: “O do VIII Salão Nacional da SENAD (Secretaria Nacional de PolÃticas sobre Drogas) me
emocionou bastante, pois além de ser um concurso que tinha como proposta
discutir o consumo de crack no Brasil, a premiação foi entregue por Luiz Inácio Lula da Silva, por quem
tenho grande admiração ideológica; outro prêmio que me deixou muito feliz foi o
Leica-Fotografe, considerado
um dos prêmios mais concorridos do PaÃs; além do Pérsio Galembeck, por sua relevância artÃstica, e o 18º Concurso de Fotografia Documental da América Latina, por ter sido o primeiro prêmio internacional”.
É claro que Peterson admira e gosta
do trabalho de outros fotógrafos. De acordo com ele, tem como inspiração os
artistas Ansel Adams, João Roberto Ripper, Sebastião Salgado e os baianos Adenor Gondim e Ricardo Sena. Steve McCurry,
Irving Peen, Diane Arbus e Eugene Smith também são considerados como referência para Azevedo. No Facebook, ele mantém a
página Peterson Azevedo Photography, onde divulga o próprio trabalho e informações sobre fotografia. Em agosto de 2013, realizou a exposição Permanências Percussivas, na Casa da Música (que fica no bairro de Itapuã, em
Salvador), em homenagem ao músico baiano Cacau do Pandeiro. Inclusive, foi o
responsável pelo still (fotos
oficiais) do documentário Cacau do Pandeiro – O Mundo na Palma da Mão,
dirigido por Márcio Santos e lançado
em 2012. Sua formação acadêmica, na área de audiovisual, conta com cursos feitos
na Academia Internacional de Cinema
e no Instituto Casa da Photographia,
reconhecidas instituições de formação. As fotos de Peterson já foram publicadas
nas revistas Diversos Afins e InComunidade (editada em Portugal).
Além da fotografia, outra arte que
sensibiliza Peterson é a música. Ele afirma não ter preconceito, mas prefere
melodias mais trabalhadas, que o emocionam. “Na
minha playlist, existe muito soul,
blues e jazz. Aretha, Amy, Robert Johnson, dentre outros. Mas a banda de minha alma sempre
será Pearl Jam”.
Professor de geografia
Aos 41
anos de idade, será que Peterson já sabe de que lado o seu coração bate mais
forte: do
lado do professor ou do lado do fotógrafo? “Pergunta provocante. Não me considero um ser rotulado, se penso, posso
me transformar constantemente. Não sou apenas geógrafo, professor, fotógrafo,
triste, alegre, feio, bonito. Sou apenas o tempo, quando ele vira, viro também.
Mas, para não dizer que fugi do questionamento, se tem algo que nunca sairá de
minha alma é o prazer de fotografar, mas fotografar sem regras e sem
compromissos”.
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Peterson Azevedo: professor e fotógrafo. Crédito: Autorretrato |
O curso de geografia não era uma opção prioritária para ele. “Na verdade, queria fazer biologia
marinha, para alinhar à minha prática esportiva [bodyboard]. Como não existia esse curso na Bahia, optei por um mais
próximo, aà descobri a geografia”. E, no curso, descobriu autores que
influenciam a sua prática docente. “Milton Santos é referência máxima para mim. Além dele, tenho como referência os
clássicos Humboldt, Marx e Engels e os professores Antonio Teixeira Guerra e Josué de Castro”, revela.
Mesmo com tantos feitos e já sendo referência para as pessoas com as quais convive, Peterson tem medo de uma coisa: ser esquecido. Isso porque ele não deve ter consciência do próprio legado...
Mesmo com tantos feitos e já sendo referência para as pessoas com as quais convive, Peterson tem medo de uma coisa: ser esquecido. Isso porque ele não deve ter consciência do próprio legado...
O mundo é melhor em movimento ou em imagens (estático)?
Que mundo? No meu, me sinto mais Ã
vontade em olhá-lo pelo visor da câmera. Mas no que vivo, o movimento é que me
controla, mesmo meus olhos tentando enquadrá-lo a todo o momento.
- O que dizem sobre ele...
Nivaldo Fernandes
Crédito: Autorretrato |
“Uma pessoa Ãmpar, de admirável coração, muito
divertido e responsável. Filho educado, que se converteu em excelente
professor, ilustre em seu trabalho de mestre, pois se apaixonou ao ensinar.
Inovador nato, sempre está na vanguarda do ensino, por isso consecutivamente
oferece o melhor. Por onde passa, constrói laços fraternos de amizades, assim
obtém respeito de seus concidadãos. Felizes são aqueles que podem desfrutar de
sua agradável e divertida companhia, amigo”.
Nalini
Vasconcelos
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Crédito: Antonio Paim |
“A fotografia de Peterson hipnotiza à primeira vista. Sua arte
traz traços fortes e contrastes vibrantes. Muito além da sua técnica
fotográfica, com a dose certeira de luz e movimento, está o seu olhar profundo,
seja em paisagens, objetos ou particularmente em pessoas. Ao fotografar
pessoas, Peterson adentra seu passado, sua história, seu contexto e, por isso,
transmite sua alma, seja qual for sua raça, cultura ou crença. Percebemos
claramente o que está em sombras e em luz, o que é estático ou movimento, o que
é fugaz ou eterno. A fotografia de Peterson me deixa maravilhada e confirma o
quanto a arte nos impulsiona e é libertadora”.
Série Perfis do Desde| Ficha Técnica:
Convidado:
Peterson Azevedo
Data
da entrevista (feita por e-mail): 14/11/2014
Idealização/produção/texto:
Raulino Júnior
2 Comentários
Raulino, mais uma vez seu relato descritivo impressiona. O perfil do Profº Peterson ficou um primor. Parabéns!
ResponderExcluirSandra, muito obrigado pelo elogio e pela visita. Boas histórias rendem bons perfis. Foi um prazer também escrever a sua. Abração!
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